A minha primeira vez de ir de bicicleta ao trabalho

A bicicleta, quando criança, era uma de minhas diversões prediletas. Na adolescência e juventude, ela continuou sendo uma diversão e passei a considerar também como atividade física. E ainda como locomoção para ir à piscina do clube recreativo que frequentava. Hoje eu a vejo como meu meio de lazer, de exercício físico e de transporte. Hum… De transporte? Sim, fui com ela ao shopping, ao curso de pós-graduação, ao consultório médico, à casa de parentes e amigos. E ao trabalho? Faltava isso para se tornar realidade.

Era meu desejo de um dia ir pedalando ao trabalho. Nasci em Joinville, onde vi muitas pessoas indo de bicicleta ao seu local de trabalho. Já foi chamada de “Cidade das Bicicletas”. Como em qualquer lugar do Brasil, o carro toma conta da cidade. Estamos vendo que não adianta construir mais ruas e viadutos. Quanto mais constroem ruas ou são alargadas, mais veículos aparecem. A solução é muito evidente: usar outros meios de transporte como o ônibus e a bicicleta. “Ah, Luciana, ônibus é péssimo! Sempre lotado e com atraso!” “Ah, é perigoso pedalar nas ruas, onde não tem ciclovia.” Não adianta apenas solicitar ao poder público a fim de que haja melhorias no trânsito. Infelizmente, os nossos representantes se fazem de “surdos” e “cegos”. Não quis ficar esperando por mais ciclovias. Pedalando para o trabalho eu vou!

A frase “Ah, é perigoso pedalar nas ruas, onde não tem ciclovia” era minha por muitos anos.  Bem, vejamos… Dirigir automóvel é perigoso. Ir de ônibus também é perigoso. Andar idem. Perigo existe em qualquer situação, não é mesmo?  Florianópolis, a cidade onde moro hoje, é considerada a capital brasileira de pior mobilidade urbana. Não queria mais o carro por ser muito frustrante perder tempo no trânsito. Desejava usar menos ônibus, porque, além de estar lotado, ficava presa no trânsito. É agora ou nunca! Vou de bicicleta para o trabalho!

Já vinha observando pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte, inclusive meus colegas de trabalho. Já pedalava nos finais de semana e passei a fazer o trajeto de casa ao local de serviço. Eu me preparei mentalmente para um dia usá-la durante a semana. Vi quanto tempo levava até a empresa, sem pedalar rápido, em uma distância de cerca 9,5 quilômetros. Também vi como era o retorno até a minha casa. Ir à empresa e voltar para casa, já resultava aproximadamente 19 quilômetros de atividade física! Como tenho deficiência auditiva e utilizo aparelhos auditivos, testei e treinei a minha audição nas ruas. Li muitos textos na internet sobre pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte e dicas de segurança para pedalar. Também me informei sobre o código de trânsito.

E o dia chegou… Inesquecível e emocionante dia de 18 de fevereiro de 2013! Lamento hoje por não ter fotografado o momento. No entanto, lembro muito bem o meu feito… O amanhecer estava lindo quando saí de meu prédio e peguei algumas ruas compartilhando o espaço com outros veículos até chegar à ciclovia da beira-mar norte. Estando na ciclovia, fiquei muito emocionada e comecei a ir rápido. Aí veio o meu erro. Nunca foi meu objetivo pedalar rápido até a empresa. Detesto as palavras “pressa” e “depressa”.  A minha respiração ficou ofegante e me cansei. “Luciana, pare!” Parei, corrigi a minha respiração e retomei a pedalada devagar e sem pressa. Afinal, o que eu queria era pedalar em paz e contemplar o que estava em minha volta. E cheguei ao meu destino! Fiquei tão feliz por ter criado coragem! E hoje a bicicleta é o meu principal meio de transporte! Viva!

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Reflexões

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Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com

3 comentários Deixe um comentário

  1. Parabéns Lu! Além de maravilhoso, seu relato é rico em detalhes e eu amei as comparações que você fez entre as fases adulta e infantil, em perspectivas que mesmo se opondo se complementam, pois a vida é isso: brincar, trabalhar, amar, pedalar e ser feliz… e o resto é o resto!

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