De gravel em Urubici
Voltei a ter mais de uma bike! Como pedalo com bastante frequência, julguei ser necessário adquirir mais uma magrela. Assim, não fico sem bicicleta, quando uma está em manutenção ou posso escolher uma delas de acordo com o objetivo do pedal do dia. Comprei uma gravel e conto sobre essa decisão no final deste texto, em “Sabendo mais”.
Pedalei alguns dias em Floripa, mas pude praticar mais em Urubici, durante as minhas férias em fevereiro. Lá treinei em diferentes terrenos e, principalmente, longe do calor infernal do litoral catarinense. Além disso, fiz isso com bastante tranquilidade por conhecer Urubici.
No dia 10 de fevereiro, com tempo ensolarado, pedalei no centro da cidade experimentando a gravel em pistas de asfalto, paralelepípedo e terra. Depois fui à SC 370 (trecho entre Urubici e Grão Pará), parando na Gruta Nossa Senhora de Lourdes, que está em reforma, para refletir, contemplar a natureza, ouvir o som da água, chorar e agradecer a Deus por me sentir bem. No final do asfalto da SC 370, havia obras na parte de terra da Serra do Corvo Branco. No retorno para casa, parei na Pousada Lenha no Fogo, onde saboreei uma mesa farta de delícias só para mim. Permaneci bastante tempo lá e não consegui comer tudo. Meus olhos foram maiores do que o meu estômago! Resultado: 49,52 km e 460 metros de ganho de elevação.


No sábado, dia 11, com sol, encarei o pedal mais desafiador das férias. Apesar de ter pedalado cinco vezes no Morro da Igreja, foi a minha estreia com a gravel. Nesse dia veio a galera do Floripa Bike Club (FBC – @floripabikeclub) subir no Morro da Igreja e descer na Serra dos Bitus. Assim que chegou em Urubici, o grupo logo começou a pedalar, mas eu não quis me apressar para ir ao encontro da turma. Afinal, eu estava de férias! Acordei, curti o amanhecer, tomei café tranquilamente, me arrumei, ajeitei a bike e, aí sim, fui. Eles já pedalavam há mais de uma hora. Estava ansiosa para experimentar a gravel numa subida mais difícil. Ora, a gravel me surpreendeu bastante! Empurrei somente entre o km 3 e o km 4, o trecho que considero o mais difícil do Morro da Igreja. Fiz muitas pausas para me hidratar, alimentar, apreciar o paraíso, fotografar e filmar.



Enquanto eu subia, fui encontrando, aos poucos, os ciclistas do FBC descendo o morro. “Ah, não, o nevoeiro está indo ao cume do Morro da Igreja!” Ainda bem que a turma conseguiu ver a Pedra Furada, pois muitos estavam lá pela primeira vez. Já tive o privilégio de contemplá-la com a minha mountain bike, a Urian. “Oh, que maravilha! Cheguei ao topo!” De um lado, o céu estava claro. Do outro, neblina escondendo a Pedra Furada. Fiquei mais de uma hora vendo o agito do nevoeiro. “Está bem, vou indo, a Pedra Furada não quer saber de mim.” Ah, me bateu a insegurança logo que comecei a descer. A gravel é rápida demais. Em alguns trechos, preferi empurrar a bike. Resumo: empurrei mais em descida do que em subida no Morro da Igreja! Preciso treinar mais em descida bem inclinada com a gravel. Encontrei a galera do FBC almoçando no Restaurante Tradição na cidade. Resultado: 59,64 km e 1.288 metros de ganho de elevação.




Assim como fiz a relação do número de vezes que pedalei na Serra do Rio do Rastro, também resolvi listar as vezes que fui de bike no Morro da Igreja. Ambos são trajetos difíceis, desafiadores e fascinantes.
Morro da Igreja
1) 31/12/2016 – Em grupo, dia nublado;
2) 04/03/2019 – Sozinha, dia ensolarado;
3) 21/06/2019 – Com Josiane, dia ensolarado;
4) 22/04/2022 – Sozinha em metade do trajeto, dia nublado;
5) 28/05/2022 – Sozinha em metade do trajeto, dia nublado;
6) 11/02/2023 – Sozinha, dia ensolarado, mas havia nevoeiro no topo do morro e não vi a Pedra Furada.
No dia 14, com sol entre nuvens, pedalei somente por estrada de terra em direção ao lugar que ainda não conhecia de perto. Urubici é cheia de encantos naturais e ainda não conheço todos os seus segredos. “E, então, Lu, qual foi o lugar que visitou pela primeira vez?” A região do Rio Vacariano. Belíssima! Há uma cachoeira, mas fica dentro de uma propriedade particular que não se encontrava aberta ao público. No entanto, apreciei muito o rio, a mata, as montanhas e o céu. Só de estar ali me fez um bem danado, sentindo o cuidado de Deus e conversando com o bom Senhor. Aliás, em todo o trajeto, antes de chegar ao Rio Vacariano, o Rio Canoas me acompanhava ao lado. Ouvir o som da água em meus ouvidos me dá uma paz indescritível. Resultado: 36,27 km e 446 metros de ganho de elevação.




No dia 15, com tempo nublado, decidi me desafiar fazendo duas vezes a SC 370 (Urubici/Grão Pará), resultando em 81,09 km e 745 metros de ganho de elevação. Mesmo treinando, fiz pausas para contemplar cada pedaço da região. No dia 18, com sol, pedalei em estrada de terra pela região de São Francisco e pelo Caminho do Invernador. Encontrei um grupo de ciclistas que seguiam ao Morro do Campestre e, entre eles, estavam mulheres sensacionais e simpáticas que moram no oeste catarinense. Mais adiante, já no Invernador, fiquei encantada com as artes feitas de troncos de árvore em frente ao Refúgio Andarilha. Continuei o pedal no centro da cidade, aproveitando cada instante como se fosse o último. Resultado: 30,50 km e 307 metros de ganho de elevação.








Passei de gravel em asfalto, terra, pedras, água, curvas, montanhas e lama. A minha maior dificuldade foi com a descida. A gravel é muito rápida! Claro, ela é super levinha! Nos dias que não pedalei, fiz outras atividades que também me deram prazer e tranquilidade. Uma delas foi fora do meu hábito: capinar! Isso me lembrou muito a minha mãe que sempre gostou de capinar, mas ela não faz mais essa atividade por conta das dores no corpo. Todos os dias eu me diverti com a companhia do cão do dono da casa onde me hospedei. Minhas férias terminaram com muita gratidão a Deus pelo privilégio de estar em Urubici, onde pude relaxar, refletir, curtir a vida sem pressa e sem planejar o que fazer em cada dia. Até a próxima oportunidade, Urubici!

Sabendo mais
Fiquei mais de um ano tentando decidir o tipo de bicicleta que desejava adquirir: se mountain bike (mtb) aro 29, speed ou gravel. Tenho a mtb aro 26 e não quero vendê-la. No segundo semestre do ano passado, escolhi a gravel como minha segunda bicicleta para fazer companhia à Urian. Sim, dou nome às magrelas da minha vida. A partir dessa definição, comecei a pesquisa por qual modelo, marca, relação (cassete, câmbio etc.) e outros detalhes. Não sou especialista em bicicletas. Li matérias na internet e conversei com ciclistas que possuem gravel. Um deles, o Ricardo, me acompanhou do início ao fim (@ricardoschmidtrg – vale a pena contratá-lo para assessoria). Ele é fera em saber as características de uma bike e associá-las aos objetivos do ciclista. Isso me deu segurança para encontrar a gravel desejada, fosse ela usada ou nova.
“Ei, Lu, o que é uma gravel?” É uma bicicleta que possui características de mountain bike (pneu mais largo, por exemplo) e de speed (guidão do tipo drops, geometria etc.). Ela gira tanto em asfalto como em estradas de terra, oferecendo velocidade e agilidade em ambos os terrenos. A maioria possui pneus de 38 mm a 42 mm e rodas de aro 700. Comparando com a speed, a gravel possui a vantagem de rodar em todos os tipos de terreno. Com relação à mtb, é mais leve, possui mais versatilidade para as mãos no guidão e rende mais na relação tempo e quilometragem. Por ser leve, dá para colocar bolsas e fazer uma cicloviagem. Achei a gravel dos meus sonhos na loja Pedaw (@pedaw_bike) e antes de comprar, fiz bike fit com o Baltazar (@baltanp). “Mas Lu, o que é bike fit”? São ajustes realizados na bicicleta para ela ficar totalmente adequada ao tipo físico do ciclista. Ou seja, a bike deve servir em você como uma roupa. Assim, evita ter desconforto em alguma parte do corpo.
Ah, a minha gravel se chama Hope. Significa “esperança” em inglês.
Luciana Vieira Visualizar tudo →
Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com