Superando os 200 km

2022 já está chegando ao fim. No meu mundo como ciclista, foi um ano intenso em que me desafiei bastante nas pedaladas, saí da zona de conforto, acordei mais para a vida. Além disso, voltei a pedalar em grupo com mais frequência, conheci pessoas sensacionais e ganhei novos aprendizados.

No dia 12 de novembro, participei do pedal da volta à ilha, num percurso de 200 km. O desafio foi lançado pelo Floripa Bike Club em alusão ao Novembro Azul, mês da campanha da prevenção ao câncer da próstata. No início da jornada rumo ao sul da ilha, fiquei junto de um pessoal maravilhoso. Depois me separei, porque eles não iam fazer os 200 km. Assim, me juntei a um dos pelotões determinados a completar o desafio. Costumo fechar o grupo, mas, em certo momento, parei para hidratação sem avisar, me distanciei e errei o caminho.

Ao fundo, Ponte Hercílio Luz. Foto: Aline de Mattos
Na beira-mar sul da ilha. Foto: Aline de Mattos
Morro das Pedras, no sul da ilha. Foto: Beatriz Lopes Nunes de Mattos

Mesmo longe da galera, fui apreciando o trajeto, em especial na parte do Parque Estadual Rio Vermelho, na região norte da ilha. Ah, como amo estar rodeada de árvores!  Enquanto pedalava nesse trecho, avistei algo laranja no chão. Ainda de longe, notei uma bike apoiada numa árvore. Pensei que um ciclista passava mal e, quando cheguei perto, pude ver melhor: era um fotógrafo! Esqueci de que havia fotógrafos espalhados na volta à ilha. Ufa! A situação foi inusitada, pois o profissional estava camuflado e posicionado para registrar belas fotos dos ciclistas.

Árvores na região do Rio Vermelho, norte da ilha. Foto: Everson Koltz
“Hum, o que está havendo?” Foto: Everson Koltz
“Ufa, é um fotógrafo!” Foto: Everson Koltz
As surpresas divertidas na vida de ciclista. Foto: Everson Koltz

Encontrei dois ciclistas numa lanchonete e fiz pausa também. Para minha surpresa, o meu pelotão passava por ali nesse momento! “Olha a Lu!” Quando errei o caminho, cortei alguns trechos a fim de não estar muito longe da galera. Esses desvios me fizeram ficar à frente deles. Assim, continuamos o pedal juntos. Na região dos Ingleses, me separei de novo deles por causa de uma motorista que posicionou o veículo bem próximo da calçada. Foi egoísmo da parte dela, pois viu outros ciclistas passarem por ela. Fiquei calma atrás dela com outro motorista quase ao meu lado, esse cuidando de mim. O bairro Ingleses possui muito trânsito e, de novo, desviei o percurso com o intuito de alcançar o meu grupo. Aguardei por eles na SC 403 e logo encontrei outros três ciclistas, não do meu pelotão. Eles são fortes e rápidos na pedalada. Um deles olhou incrédulo para mim e eu disse: “Cortei caminho”. Meu grupo não aparecia e continuei devagarzinho rumo à Ponta das Canas. Desta vez, eles estavam à minha frente, porque também desviaram o trajeto.

Uma das paradas no sul da ilha. Foto: Floripa Bike Club

O sábado de sol começou com clima agradável que foi esquentando ao longo do dia. Tive dores no corpo quando pedalava na região norte da ilha e me alonguei para aliviá-las a cada pausa possível. Entre a região de Santo Antônio de Lisboa e Cacupé, eu e o Claudio fomos os últimos do pelotão. Ele ia de bike do tipo speed e eu, de MTB. Ele subia mais rápido e me esperava no topo do morro. Já em Cacupé, Claudio disse que eu podia descer primeiro e ele ia na sequência. Enquanto descia, me deparei com um motorista de carro ultrapassando um carro e um ônibus numa curva. Dei um impulso automático mais à direita da pista e quase me joguei no mato. Fiquei atônita, não consegui gritar e me preocupei com o Claudio. Graças a Deus, não aconteceu uma tragédia! Motorista irresponsável!

Chegamos juntos no trapiche da beira-mar norte, no centro de Floripa, com 150 km percorridos. Soube que a Dai e a Mi continuaram a pedalada com a meta de atingir os 200 km até o aeroporto, no sul da ilha. Hum, o calor não estava mais forte, não sentia dores no corpo e nem cansaço, decidi: “vou fazer a mesma coisa!” Ao me aproximar do aeroporto, vi as meninas de longe contornando a região para voltar ao centro. Não as chamei, porque eu precisava pausar para me alimentar. Perto de onde moro, constatei que fiz 202,66 km com 818 metros de ganho de elevação! Urra! Glória a Deus, consegui os meus primeiros 200 km da vida! Com a sensação de missão cumprida, comemorei a conquista com uma cerveja gelada em casa. Como é bom superar os meus próprios limites! Obrigada, meu Deus!

Sabendo mais

“Pedalar é perigoso!” Frase muito comum de ouvir, mas digo que também é perigoso dirigir e andar. O problema está no comportamento das pessoas no trânsito. Se todos respeitassem o Código de Trânsito e cuidassem uns dos outros, não haveria tantos riscos de vida.  “É, Lu, você sempre relata aqui as situações de falta de respeito ao ciclista.” Certo, então, faço aqui um depoimento de minha última situação perigosa como motorista de carro. No final da manhã de 21 de novembro, eu dirigia o carro da minha mãe de Joinville a Florianópolis, ela estava comigo. Na região de Itajaí, na BR 101, estrada duplicada, vi de longe um caminhão parado ou dirigindo devagar na faixa de retorno à esquerda. Ao me aproximar dele, eu dirigia na via rápida e havia outro caminhão em trânsito na pista à direita, para nosso espanto, ele invadiu a nossa via. Não deu sinal de sua intenção antes de nossa aproximação, de modo que o nosso veículo ficou espremido entre os dois caminhões. Pisei no freio e joguei o carro ao lado direito, onde estava o outro caminhão. Para não bater, fiquei em zigue-zague até conseguir sair do afunilamento. Tinha ainda um carro atrás da gente que conseguiu frear a tempo. Quando escapamos, buzinei e xinguei. Depois agradecemos a Deus pelo livramento. Lembrei-me de um dos ensinamentos de meu pai: “Mãos firmes no volante!” Foi um milagre de Deus! Nota: estava a 100 km/h em respeito ao limite de velocidade da região e tudo isso aconteceu muito rápido.

Então, pedalar, dirigir e andar é perigoso? Sim! Por quê? Porque as pessoas têm atitudes insanas!

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Luciana Vieira Visualizar tudo →

Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com

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