Urubici: O magnífico Morro da Igreja
Perdi as contas das vezes que fui à Urubici. A partir deste post, não faço mais a numeração. Se não consigo levar a minha bike, costumo alugar uma lá. A região faz parte do meu viver, é o meu refúgio, o meu porto seguro, o lugar onde relaxo e encontro o silêncio, de ouvir apenas o canto da natureza. Nem preciso dizer que moraria lá se tivesse um emprego. Finalmente! Estive em Urubici no período de 21 a 24 de abril de 2022. A primeira estadia do ano!
A vontade de pedalar em Urubici era tanta que não consegui dormir direito na noite anterior a viagem. Eu e a amiga Josi havíamos combinado de ir de bike no sensacional Morro da Igreja, de 1.822 metros de altitude e 15 km de subida. Ao me deitar, tive um ataque de ansiedade. Passava um filme em minha mente das vezes que pedalei em Urubici, em especial no Morro da Igreja. Eita, Lu! Meu coração palpitava, minha respiração parecia cessar… Eu me sentia eufórica, em êxtase, fora de mim. A manhã chegou e partimos até Urubici. A viagem foi tranquilíssima com uma paisagem de doer os meus olhos de tão bela que é a nossa Santa Catarina. Josi logo pegou a bike para dar uma volta em Urubici. Eu caí no sono na casa de meu amigo Freitas, é claro. Depois também fiz passeio de bicicleta na cidade.
No dia seguinte, 22 de abril, fomos ao Morro da Igreja. Dormi muito bem durante a noite e acordei disposta para a nova aventura. Antes havíamos nos informado na secretaria do Parque Nacional de São Joaquim, área onde está o Morro da Igreja, por causa da necessidade de autorização. Como éramos só nós duas de bike, bastava dizer os nossos nomes ao chegar na guarita do Morro da Igreja. Saímos pedalando devagar da casa de meu amigo para não cansarmos. Não demorou muito e já estávamos diante do início da subida do Morro da Igreja. Subindo, subindo… Fiquei um pouco nervosa com a passagem de veículos, pois não há acostamento na estrada. Nenhum motorista me desrespeitou. O nervosismo foi à toa e isso me fez cansar entre o Km 3 e o Km 4, trecho que considero o mais difícil do Morro da Igreja. Pela primeira vez, empurrei um pouco a bike. Parei para observar um grupo grande de ciclistas descendo o morro. Alguns gritaram me incentivando a subir. “Não desista, garota!” “Vai, mulher, você consegue!” Admirá-los me fez muito bem. Pronto, continuei pedalando! Oh, que lindeza de lugar! Parei novamente a fim de curtir a região de propriedade privada com porteira e chão infestado de folhas de plátano. Foi o único cantinho que lanchei, pois nas outras pausas só bebi e fotografei.

Chegamos à portaria do Morro da Igreja e apresentamos os nossos nomes. Josi precisou interromper a subida, pois não se sentia bem. Depois de conversarmos, continuei sozinha. Cruzei com mais um grupo de ciclistas que descia o morro. Na frente deles, vinha o sorridente Vinícius trabalhando como guia da Caminhos do Sertão (@caminhosdosertaocicloturismo). Aliás, tenho uma gratidão eterna a essa empresa de cicloturismo. Conheci Urubici pedalando em duas épocas diferentes com a equipe da Caminhos do Sertão e hoje consigo me virar bem na região graças as suas dicas.

O dia estava maravilhoso, mais nublado do que ensolarado e nenhuma neblina. Frio? Sim. Como eu estava vestida? Apenas de macaquinho (bermuda e manga curta). Subindo, subindo para o céu eu vou. Olhava a natureza ao meu redor e as excelentes condições da pista. Sem buraco no asfalto, apenas ondulações na parte de concreto. Observava a estrada para me preparar na descida, ver se havia buracos, se precisava fazer algum desvio, etc. Uau, que maravilha! Estou quase chegando ao topo! Louvado seja Deus! A aventura do dia teve um sabor especial: aniversário de meu sobrinho Pedro que completava 14 anos de idade. Subi em homenagem a ele, por ser tão querido, divertido e simpático rapaz! Antes de alcançar o topo, encarei mais uma subida difícil. Aí gritei mentalmente: “Vai, Lu! Vaaaiiii! Vai! Me ajuda, meu Deus! Não desista, pelo amor de Deus!” Aplausos? Tenho plateia… Enquanto eu subia, muitos motoristas e motociclistas passaram por mim e alguns deles me deram força durante a escalada. Chegando no topo, escutei também além das palmas: “Show!” “Muito bem!” “Parabéns!” “Pagando promessas?” Ao ouvir isso, respondi de imediato ainda pedalando: “Aniversário de meu sobrinho!” Puxa, ficou muito bom o mirante! Tem até estacionamento deixando o lugar mais organizado. Sim, eu vi a Pedra Furada! Sem nevoeiro, que privilégio! Uma motociclista de Blumenau se ofereceu para me fotografar e fiz o mesmo com ela e seu grupo. Antes de descer, coloquei o corta vento. Eita, que descida boa! Uma das melhores da minha vida! Sem medo e com aquele vento no rosto que adoro!




Enquanto retornava à casa de meu amigo na SC 370, Josi me encontrou e perguntou como me sentia e se eu queria colocar a bike no carro dela. “Não, vou continuar pedalando.” “Ó, vai chover!”, alertou Josi. “Não vai chover, não”. Cheguei em casa sem pegar chuva pelo caminho. Como eu estava? Em êxtase, emocionada pela conquista do dia. Ao mesmo tempo, triste pela minha amiga não concluir a subida no Morro da Igreja e grata a Deus por ela voltar bem para casa. Ainda nesse dia, conheci uma professora que é surda como eu, apresentada pelo meu amigo e ela também se chama Josi!
Obrigada, Senhor, pela minha quarta subida e descida no Morro da Igreja e pelas pessoas queridas que fazem parte da minha vida! A Ti, meu Deus e Rei, toda a honra e glória! Quero ir de novo, assim espero!
Sabendo mais
Para visitar o Morro da Igreja, é necessário o agendamento prévio, confirmação da agenda e retirada dos ingressos na sede do Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMbio) em Urubici. Consulte sempre o site, porque as regras podem mudar como aconteceu durante a pandemia do coronavírus. Também são diferentes para quem vai de carro, moto, bicicleta ou a pé. Aqui: https://www.icmbio.gov.br/parnasaojoaquim/guia-do-visitante.html

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Luciana Vieira Visualizar tudo →
Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com
Muito bom Luciana. Parabéns.
Muito obrigada!
Sou sua fã e amo seus relatos!
Fico feliz e agradeço por estar sempre me acompanhando aqui no meu cantinho.