Satisfação sem fim

Não existe um dia que tenha me arrependido de sair de casa de bike, mesmo nas situações de perrengues como chuva forte e pneu furado. Nem mesmo nos dias que eu me sentia cansada, triste ou braba, pois com ela me acalmei, fiquei disposta e meus olhos brilharam ao ver o mar, o céu, as árvores, os pássaros e as flores. Por outro lado, quando eu me desloquei de ônibus ou de carro, eu me arrependi várias vezes por não ter usado a bike. Recentemente, fui de ônibus ao trabalho por causa da chuva. No fim do expediente, o entardecer se mostrou esplêndido. Não tive ânimo de voltar para casa de ônibus. Não quis perder um segundo de apreciar os belos raios solares antes do anoitecer. Solução? Caminhei em trajeto de quase 9 km contemplando o que via de maravilhoso pelo caminho. Andar é tão bom quanto pedalar! É satisfação sem fim!

Satisfação de ver o belo fim da tarde de 11/11/2020 do trabalho para casa. Foto: Luciana Vieira
Depois de trabalhar, chuva de lavar a alma na volta para casa em 07/10/2020. Foto: Luciana Vieira

Já disse por aqui que a bicicleta é tão presente na minha vida que parece ser extensão ou parte de meu corpo. Houve mais de uma vez que me peguei andando na ciclovia, levei susto ao me lembrar de que não estou pedalando e continuei a caminhada na calçada. Assim como a bike, os aparelhos auditivos são extensões de meus ouvidos. Dias atrás, após o banho no vestiário da empresa onde trabalho, organizava minhas coisas no armário e sem os meus óculos de grau, tentei enxergar a coisa que aparecia no chão. Ao me aproximar de perto, quase desmaiei. Meu Deus, um de meus aparelhos auditivos no chão! Com mãos trêmulas, coloquei em local seguro e o limpei. Apavorada, pus os dois aparelhos nos meus ouvidos já secos e o que havia caído não estragou. Louvado seja Deus! Para quem não sabe, os custos na compra de novos aparelhos auditivos são equivalentes a adquirir um automóvel! Por isso o meu desespero naquele momento. Todos os dias limpo os meus aparelhos auditivos e evito o seu contato com a água. É grande a minha dependência da bicicleta e dos aparelhos auditivos. Dois objetos que pertencem ao meu corpo e cada um com o seu papel. Ambos fazem o meu viver ser melhor.

Antes de chegar ao trabalho, fiquei maravilhada com a caliandra cor de rosa! Foto: Luciana Vieira - 05/10/2020
Encantada com a beleza da caliandra cor de rosa a caminho do serviço em 15/10/2020. Foto: Luciana Vieira
De parar a pedalada diante de um esplêndido ipê amarelo! Ida ao trabalho em 16/10/2020. Foto: Luciana Vieira

Acredito não estar enganada com esta constatação: tenho observado o aumento de pessoas pedalando neste tempo de pandemia do coronavírus. Afinal, como escrevi no post “Vá com a pequena rainha ao trabalho”, a bicicleta é um excelente meio de locomoção que favorece o distanciamento social. Espero que a bike faça parte de toda a vida das pessoas, não somente na pandemia. Assim como eu, espero que sintam a pequena rainha como sua amiga que leva a lugares espetaculares, coloca o seu astral para cima, torna o seu corpo mais forte e resistente, faz observar mais a natureza, curtir o vento no rosto, agradecer a Deus, conhecer novos amigos e encarar novos desafios. Cada dia com ela é satisfação sem fim!

Satisfação de pedalar do trabalho para casa diante de um visual espetacular em 20/10/2020. Foto: Luciana Vieira
Satisfação por encarar as subidas na parte alta do Vale Europeu, em novembro de 2016.
Satisfação de enfrentar o morro pedalando e, ao mesmo tempo, contemplar a paisagem na parte alta do Vale Europeu, em novembro de 2016.
Satisfação de pedalar em meu caminho predileto: estrada de chão! Pedal até São Martinho em 26/06/2016. Foto: Vinicius Leyser da Rosa
Pedalar com amigos divertidos é satisfação sem fim! Pedal de Balneário Camboriú a Zimbros em 22/07/2017. Foto: Marisa Terezinha Pereira
Meus olhos brilham ao cumprir mais um dia de trabalho e ganhar um presente de Deus na volta para casa. Foto: Luciana Vieira – 06/11/2020

Sabendo mais

A partir de abril de 2021, entra em vigor a Lei nº 14.071 de 13 de outubro de 2020 que altera o Código de Trânsito Brasileiro. Essa lei define novas regras de trânsito no país e uma das mudanças é a infração para quem não reduzir a velocidade de seu veículo ao ultrapassar o ciclista, passando a ser de grave para gravíssima.

Vale muito a pena ler a matéria “Nova lei de trânsito: deixar de reduzir a velocidade ao ultrapassar ciclista será infração gravíssima”, escrita pela jornalista Mariana Czerwonka no Portal do Trânsito e Mobilidade.

Reflexões

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Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com

2 comentários Deixe um comentário

  1. Como você escreve bem, Luciana! Quando leio seus textos, vejo e sinto cada detalhe do que você compartilha conosco. Obrigada!

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