Vá com a pequena rainha ao trabalho

Eu gosto de trabalhar e me sinto útil, feliz e digna por estar em constante aprendizado. Trabalho é vida e sobrevivência. Houve algum tempo na história da humanidade que não foi preciso trabalhar? Não se teve necessidade de trocar trabalho por alguma coisa para sobreviver? Nesta época de isolamento social, muitas pessoas estão valorizando ainda mais o trabalho. A situação nos mostra que não há como sobreviver sem trabalhar.

Porém, trabalho nunca deveria ser sinônimo de sofrimento. Sempre semelhante ao prazer, força, vigor e aprendizado. Todos merecem respeito em suas atividades. Nem sempre vamos possuir o “emprego dos sonhos”, mas devemos agradecer a Deus por termos um trabalho. Afinal, Ele trabalha o tempo todo! Deus é quem nos dá deveres e não estamos aqui na Terra para ficar de braços cruzados. Em qualquer serviço, o que deve prevalecer é o sentir-se bem em fazer as coisas de maneira correta e com agrado, sem esperar pelos elogios dos outros.

Antes da pandemia, ia de bicicleta ao trabalho. Quando começou a quarentena, entrei em férias. Fiquei bem frustrada, mas entendi a recomendação de me proteger das doenças e permaneci em casa. No retorno ao serviço, fiz “home office”. Em alguns dias trabalhei presencialmente por necessidade e fui de bike, respeitando o próximo com o uso de máscara e a prática de boa higiene.

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Jardim da empresa onde trabalho em 16/08/2016. Foto: Luciana Vieira

Quando acabar o isolamento social, o que acontecerá? Muitas coisas vão mudar e a vida da gente pode ser melhor, assim espero.  Continuarei pedalando. “Epa, Lu! Você disse que muitas coisas vão mudar e disse que continuará pedalando?” Claro! Com mais pessoas fazendo a mesma coisa que eu! Vejam bem: a bicicleta é uma boa alternativa que favorece o distanciamento social! “Meu Deus, você pirou!” Calma! Pensem comigo: quanto mais as pessoas optarem por transitar em duas rodas, menor será a aglomeração dentro do ônibus, do metrô e do trem.  Muitos desses meios de locomoção possuem janelas fechadas e não dá para abrir.  Aglomeração e pouca ventilação no transporte público são convites à disseminação do vírus. Por isso, volto a afirmar que a bike é uma ótima opção de deslocamento! “Puxa, que maldade! Você quer acabar com a existência do transporte coletivo e muitos vão ficar sem emprego!” Nada disso, a ideia é diminuir o número de pessoas dentro de um veículo de locomoção a fim de evitar a facilidade da propagação do vírus. Tampouco estou incentivando o uso do carro. Utilizem o transporte público e o automóvel quando houver necessidade, como, por exemplo, carregar muitas coisas, deslocar-se por mais de 5 km de distância, não estar em boas condições físicas, etc.

Mas que tal adotar a bicicleta na sua vida? Faço isso há sete anos, sem abandoná-la, e é o meu principal meio de transporte. Recentemente, a França liberou um pacote milionário de incentivo ao ciclismo na esperança de esvaziar trens, metrôs e ônibus após o fim da quarentena. O objetivo é fazer os franceses trocarem o transporte coletivo por bikes. Ler essa notícia muito me alegrou (vejam em “Sabendo mais”, no final deste texto). Quero que o Brasil faça a mesma coisa. “Ah, Lu! Aqui no nosso país vai demorar uns cinquenta anos para valorizarem a bicicleta.” Que pensamento pessimista! Por que não podemos avançar, sermos rápidos em nossas ações? “A cultura, Luciana, a cultura! O povo é preguiçoso em mudar para melhor.” Então, vamos “encher o saco” de todo mundo a fim de mudar isso rapidamente. Quanto mais pessoas adotarem a bicicleta na sua rotina diária, mais o governo investirá em ciclovias e ciclofaixas. “Que utopia, Lu!”. Acredito que pode se transformar em realidade! Que tal acreditar também e trabalhar nisso?

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Retorno do trabalho para casa em 13/12/2017. Foto: Luciana Vieira

Vocês que me leem neste blog sabem o quanto amo pedalar e como não paro de falar dos benefícios ao andar de bicicleta. Então, vou relembrar e reforçar os ganhos com a minha vida de ciclista:

– Fico com muita disposição para trabalhar;

– Realizo uma atividade física;

– Escapo de estar presa em trânsito congestionado;

– Não estou dentro de ônibus lotado de pessoas;

– Sinto o vento no rosto, o que adoro (nesta pandemia, uso máscara e, mesmo assim, dá para curtir o vento);

– Vejo paisagens lindas durante o meu trajeto.

Além disso, ganhei novos amigos nas pedaladas por aí.

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Como é bom ser lembrada assim! Presente de aniversário que ganhei da minha amiga Maria Cristina em agosto/2017 – Foto: Luciana Vieira
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Retorno do trabalho para casa em 02/07/2018. Foto: Luciana Vieira
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Ida ao trabalho em 09/09/2019. Foto: Luciana Vieira

“Tenho medo, Lu. É muito perigoso!” Perigos existem a todo instante em qualquer lugar, mesmo quando não se pedala. Também tenho medo, mas deixei a coragem tomar mais conta do meu viver.  Tento manter o medo e a coragem em equilíbrio. Sempre peço a Deus que me guie e me ajude a ser uma boa ciclista. “Como começar, Lu?” Dou quatro conselhos:

1) Leiam o Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503 de 23 de setembro de 1997). Importantíssimo saber os seus deveres e direitos em trânsito;

2) Leiam tudo e sempre, o que puder, sobre bicicleta e dicas de segurança. Recomendo estes sites:

– Bike é Legal, apresentado por Renata Falzoni. São vídeos excelentes no YouTube: https://www.youtube.com/user/BikeeLegal

– Revista Bicicleta: https://revistabicicleta.com/

– Pedaleria, são vídeos ótimos e didáticos exibidos no YouTube: https://www.youtube.com/user/canalpedaleria/featured

3) Treinem em fim de semana indo de bike de sua casa ao trabalho e vice-versa. Escolham rotas mais seguras, com menos veículos, mesmo se for um trajeto mais longo;

4) Comecem indo de bicicleta ao trabalho uma vez por semana. Depois, duas vezes, até se tornar hábito ir todos os dias de bike ao serviço.

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Ida ao trabalho em 12/11/2019. Foto: Luciana Vieira

“Ah, Lu, não sei pedalar…” Se tem vontade, nunca é tarde para aprender. Procurem alguém experiente para lhes ajudar. Algumas cidades possuem “bikes anjos”, são ciclistas voluntários que ensinam a pedalar e dão dicas de segurança. Este é o site: https://bikeanjo.org/

E então? Animados a adotar a bicicleta na sua vida? Na reportagem sobre a França, gostei muito desta frase de Elisabeth Borne, ministra da Transição Ecológica e Solidária da França:

“Nós queremos que esse período seja uma virada em relação à cultura ciclista, e que a bicicleta venha a ser a pequena rainha do desconfinamento.”

Viva a pequena rainha da minha vida! Que venha a ser também na sua!

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Retorno do trabalho para casa em 12/11/2019. Foto: Luciana Vieira

Sabendo mais

Em tempos de pandemia, já sabia que a pequena rainha era a solução para fugir do vírus e estava escrevendo sobre a importância do Dia do Trabalho, comemorado em primeiro de maio, para o meu blog, quando explodi de alegria ao ler a reportagem “Bicicletas contra o vírus: a ideia francesa pós-confinamento”, escrita por João Paulo Charleaux. Compartilho e convido a ler e refletir: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/04/30/Bicicletas-contra-o-v%C3%ADrus-a-ideia-francesa-p%C3%B3s-confinamento

Uma das melhores notícias que li neste tempo de isolamento social! Além dessa matéria, surgiram mais notícias da Europa ver a bicicleta como alternativa de deslocamento contra o vírus. É só pesquisar na internet. Assim, o meu texto foi reformulado com a ideia de conquistar mais pessoas a adotarem a magrela.

Aos ciclistas, sugiro postar uma foto em suas redes sociais incentivando o uso da bicicleta para ir ao trabalho, com frases de incentivo como esta: “Vá de bike ao trabalho!”. Ou a do título deste texto. Usem a criatividade!

Quer conversar, trocar ideias, tirar dúvidas? Contem comigo! Não se esqueçam: continuem se cuidando para ficar longe do vírus. Cuidados que são para toda a vida!

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Retorno do trabalho para casa em 06/01/2020. Viva a minha pequena rainha! Foto: Luciana Vieira

Reflexões

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Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com

8 comentários Deixe um comentário

  1. Parabéns Luciana! Muito bom. Cada vez melhor. Gostaria muito de pedalar, mas a idade e as condições físicas não permitem.

  2. Parabéns Luciana!!! Linda reflexão!!! Com certeza muitos irão reavaliar o meio como se deslocam após essa pandemia. E nada melhor do que a bicicleta que proporciona acesso rápido e sem congestionamentos!

  3. Parabéns!!! linda reflexão sobre a possibilidade de inserirmos em nossa cultura, a bike, como meio de transporte que gratifica a nossa vida, ao meio ambiente, a nossa saúde física e espiritual.

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