Urubici 7 – Uma luz na escuridão
Resolvi passar a Páscoa deste ano pedalando em Urubici. Não enjoa ir de bicicleta nos mesmos lugares? Não, sempre há algo para conhecer e não percebido antes. Quase todos os dias, pedalo até o local de trabalho pelo mesmo caminho. O mar pode estar com ondas agitadas ou calmas, água suja ou esverdeada, com cheiro ruim ou não. O céu cheio de nuvens, com sol forte, chuva fina… As árvores com mais folhas, algumas com flores. Perceberam? O caminho é o mesmo, mas a paisagem muda a todo instante.
Três amigos pedalaram comigo. Na tarde de quinta-feira do dia 18 de abril, fomos ao Morro do Campestre. Como a estrada de concreto para ir ao topo é estreita e estava passando muitos veículos, optei por caminhar e empurrar a bike. Quando descíamos o morro, nos surpreendemos com a vista linda da lua na região. Que entardecer esplêndido! A Josi tirou uma foto sensacional de mim com a lua. Sonho realizado, pois sempre quis ter uma imagem minha com ela assim: a lua e eu juntinhas! Entre o amanhecer e o entardecer, prefiro o visual do fim do dia. Não sei o motivo. Talvez por estar mais pensativa, relaxada e agradecida pelo dia terminando… Gosto demais de ver a lua. De procurar por ela na noite. De ser surpreendida pelo clarão dela. Numa escuridão sempre há uma luz. Sempre há Deus em mim.




Na sexta-feira, escolhemos a Gruta Nossa Senhora de Lourdes e a Serra do Corvo Branco como destinos de nossa pedalada. Como da última vez que lá estive, muitos veículos subiram a Serra do Corvo Branco. No topo da serra havia pouco nevoeiro comparado com as outras ocasiões em que fui. Que região lindíssima! Não me canso de admirá-la! No retorno paramos na loja Avencal Chocolates, onde tomei um delicioso chocolate quente derretido.



No sábado, dois amigos ciclistas foram embora. Então, eu e a Josi decidimos pedalar nos Caminhos do Invernador e do Rio dos Bugres. E depois até a Vinícola Thera. Como o tempo mudou, prometendo chuva, abortamos a ida de bike à vinícola. No entanto, fomos de carro para participar da degustação de vinhos às 17 horas. Ah, valeu muito a pena curtir a região imensa e belíssima, e ainda saborear quatro tipos de vinhos. Na próxima oportunidade, vai ser de bicicleta!



Todas as noites teve confraternização com churrasco na casa de meu amigo e, desta vez, optei por dormir na barraca. Estava louca de vontade de ter essa experiência e amei dormir em ambiente fora do meu costume. No domingo de manhã, eu e a Josi voltamos para Florianópolis sonhando com novas pedaladas por aí.
No primeiro fim de semana de maio, retornei a Urubici. Não para pedalar, mas comemorar o aniversário de dois amigos. Um deles nos levou a um lugar que eu não conhecia. A próxima vez que for à do Terras do Sul Ecoturismo será de bike e passar o dia na região! Enquanto estava viajando à Urubici na noite de sexta-feira, dia 3 de maio, eu me sentia triste com a morte de três ciclistas em menos de 24 horas na Grande Florianópolis. Todos os três morreram por imprudência de motoristas. Fiquei e continuo abalada com o comportamento das pessoas no trânsito. O que mais corta o meu coração e me deixa revoltada é ouvir que o ciclista na rua atrapalha o tráfego. Em certo momento, pedi aos meus amigos para caminhar sozinha pelas ruas de Urubici. Precisava fazer isso. De chorar, me acalmar e colocar a mente em ordem. O mundo anda tão sombrio que parece não desejar encontrar uma luz para vivermos com respeito e harmonia no trânsito. De qualquer modo, foi muito bom festejar a vida de meus amigos e contar com o apoio deles sobre a minha escolha de viver pedalando por aí.

A partir desta postagem, no final do texto, decidi divulgar uma regra do Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503 de 23 de setembro de 1997), uma frase ou curiosidade sobre o tema para aprendizado e mudança de comportamento.
Sabendo mais:
Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.
Parágrafo único. A autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via poderá autorizar a circulação de bicicletas no sentido contrário ao fluxo dos veículos automotores, desde que dotado o trecho com ciclofaixa.
Luciana Vieira Visualizar tudo →
Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com
Excelente artigo. Cheio de sentimento e vida. Parabéns Luciana.
Obrigada, Krieger! Em especial, pela sua amizade.