Urubici 6 – Parte II – Alegria de pedalar
Na quarta-feira, dia 27 de fevereiro, escolhi como desafio ir até à Cascata do Avencal pela parte alta na SC 110 (Urubici a São Joaquim). Como o acostamento é estreito, precisei ir para a pista em alguns trechos por causa da invasão de mato e dos buracos. Apesar das dificuldades, subi com tranquilidade e não tive problemas com motoristas. Há um mirante pelo caminho que me deu uma bela vista da cidade de Urubici. Chegando à estrada de terra onde leva à Cascata do Avencal, o pedal passou a ser uma descida. Há duas propriedades particulares que oferecem mirantes para ter uma visão esplêndida da região. Na primeira, paga-se uma taxa de R$ 5,00. Na outra, com mais estrutura e onde já conhecia, cobra-se R$ 7,00. Fiquei muito tempo apreciando o espetáculo da natureza, fiz piquenique com o lanche que carreguei em minha mochila e acho que cochilei por quase uma hora. Depois da soneca, ainda curti mais um pouco a cascata. Para retornar, a estrada de terra virou subida e a SC 110, descida. Como o acostamento é muito estreito, desci pela pista da SC 110 e o trânsito estava tranquilo. Antes de voltar à casa de meu amigo, fui visitar o Dr. Juliano em sua clínica de odontologia. Ele foi quem me socorreu quando caí de bicicleta em 2017 (relato aqui). Contei e mostrei como ficaram os meus dentes. Agradeci a ele e sua esposa por abrir a porta de sua casa em noite de carnaval para prestar-me os primeiros socorros. O que ele fez por mim foi determinante na minha decisão de permanecer em Urubici até o final das festas carnavalescas. Papeamos bastante e conheci seu colega de trabalho. De lá, fui ao Posto Serra Azul a fim de saborear uma coxinha com um café. O percurso terminou com 25,94 km de distância e ganho de elevação de 597 metros, sendo a máxima de 1.316 metros.




Na quinta e sexta-feira, não pedalei e quis curtir a companhia de meus amigos. No sábado, 2 de março, chegaram mais amigos e a turma ficou completa. Eu, Clarice e Altair pedalamos até a Cascata do Avencal pela parte baixa. Para vê-la, há uma trilha com muitas pedras. Em determinado trecho, tornou-se impossível continuar pedalando. Altair foi primeiro caminhando, enquanto eu e a Clarice cuidamos das bicicletas. Tivemos o privilégio de ver a cascata de longe, mas como já anoitecia, não permanecemos por mais tempo.
No domingo, 3 de março, pedalei até o topo da Serra do Corvo Branco, mas não desci para a cidade de Grão Pará, pois há trechos perigosos e não é seguro ir sozinha. Encontrei amigos ciclistas de Floripa pelo caminho. Antes de subir a serra, almocei na Pousada Sabor da Roça, por onde estive há anos atrás. A comida continua sendo muito saborosa! Enquanto eu subia pela estrada de terra, vários veículos passaram por mim. Deu um frio na barriga e em alguns trechos precisei parar por causa do trânsito. Graças a Deus, consegui subir sem atropelos e ainda pude ouvir gritos de torcida por mim de quem estava de carro. Ah, cheguei! Que lugar espetacular! Algumas mulheres se aproximaram de mim e me falaram que me viram subindo sozinha de bicicleta e me deram parabéns pela conquista. Fiquei tão feliz pela abordagem delas! Reencontrei os amigos ciclistas de Floripa. Não ficamos o tempo todo juntos, pois cada um estava hospedado em local diferente. Alguns deles trabalharam como guias da Caminhos do Sertão. Ao descer da serra, parei a fim de conhecer a loja Avencal Chocolates, um lugar aconchegante e onde me deliciei com um chocolate quente derretido. Ah, como estava gostoso! Isso me deu mais disposição de voltar para casa. O percurso deu 56,38 km de distância com ganho de elevação de 692 metros, sendo a máxima de 1.200 metros.



Na segunda-feira, 4 de março, fui até o Morro da Igreja, o passeio mais difícil de todos os dias que pedalei em Urubici. Recebi a autorização do Parque Nacional de São Joaquim (consulte as orientações neste site: www.icmbio.gov.br/parnasaojoaquim/guia-do-visitante.html ) e encontrei um colega de trabalho que passeava de carro com seus amigos. Fui ao Posto Lorenzetti e comprei alimentos. Quando fiquei pronta para a empreitada do dia, avisto a Andreia que foi minha colega de trabalho em Joinville. Não a via pessoalmente há mais de 10 anos! Reencontramos em Urubici! Ela também estava passeando de carro com seu marido e amigos. Só a bike para me proporcionar essa alegria! Ao chegar ao início da subida do Morro da Igreja, parei para lanchar, relaxar e me preparar mentalmente. Um senhor se aproximou de mim e me contou que trabalhou no Morro da Igreja. Descobrimos que somos colega de trabalho da Eletrosul! Ele se aposentou recentemente e vive hoje em Urubici. Eita, mundo pequeno e surpreendente! Já sabia da existência de obras na estrada do morro, mas recebi dele e de seu filho alertas valiosos do que eu ia encontrar pela frente. Mesmo em boas condições de estrada, a subida é muito difícil. Lá fui eu! Depois de percorrer três quilômetros dos quais considero o mais sofrido da subida, fiz pausa e lanchei de novo. No primeiro quilômetro, já tinha parado para comprar mais água num restaurante. Subindo eu vou. Pus os pés no chão e comi outra vez. Eita, fome! Nem parece que eu tomei um bom café da manhã! Ao me aproximar da guarita onde se entrega a autorização, parei mais uma vez, me alimentei e ainda papeei com algumas pessoas que aguardavam a liberação para transitar no Morro da Igreja. Subindo eu vou, subindo eu vou… Teve trechos que precisei esperar, pois havia apenas um lado da pista para circular e outro em obras. Deixei os veículos passarem e, assim, continuei a pedalada com tranquilidade. Opa, opa! Encontrei a Evi e o Álvaro, casal de ciclistas de Floripa que já estavam descendo do morro. Uau!


Assim como aconteceu na Serra do Corvo Branco, teve torcida por mim das pessoas que iam de carro ou de moto. Oh, glória a Deus, cheguei ao topo! Uhuuullll! Que lugar magnífico! Realizei o meu sonho de subir pela segunda vez o Morro da Igreja de bicicleta. Que alegria! Primeira vez que vi a região sem nevoeiro. O sol predominou o dia inteiro e dava para ver a Pedra Furada o tempo todo. Cochilei um pouco e… Sim, eu me alimentei novamente. A descida foi tranquila e agi com muito cuidado por causa das obras. Bom, podem me chamar de gulosa, comilona… Entrei na Pousada Lenha no Fogo e ataquei o café colonial. Que delícia! Eu merecia, não é mesmo? Acho que a fome excessiva que tive ao longo do dia foi por causa da minha falta de treinos em subidas. Terminei o dia indo para a cama cedo. Estava exausta, mas muito feliz! O trajeto teve distância de 58,35 km com 1.337 de ganho de elevação, sendo a máxima de 1.803 metros. Uauuu! Como sou doida! Louca por pedalar, é claro!

Na terça-feira, 5 de março, como sempre acontece comigo, eu me senti triste. Hora de voltar para Floripa. As férias chegaram ao fim, snif, snif… Ao mesmo tempo, feliz! A estada em Urubici foi incrível e pedalei por sete dias, um recorde. O clima estava agradável com sol e ar frio. À noite, precisei usar roupas mais quentes e cobertor em pleno período de verão. Os meus amigos capricharam na culinária e nos divertimos muito com as nossas histórias. Também estava conosco uma linda “dog” chamada Hana. Tão carinhosa, querida, encantadora! Quando retornava para casa, ela me recepcionou com tanta festa! A primeira a me ver e ir até mim! Ela é uma fofa! Fiquei absurdamente feliz com as minhas férias! Obrigada, meu Deus! Que venha logo a sétima pedalada em Urubici! Viva!

Luciana Vieira Visualizar tudo →
Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com
Muito bom ler seus posts, seus pedais, sua visão da vida, enfim, parabéns por sua experiência e por a compartilhar conosco!
Obrigada, Regina querida! É tão bom que preciso compartilhar.