Urubici 6 – Parte I – A dança das borboletas

Oba, férias! Qual o meu destino? Urubici! Qual o meu objetivo? Pedalar! Escolhi o período de 25 de fevereiro a 1o de março de 2019 para gozo de férias, emendando, assim, com os dias do carnaval. Antes disso, trabalhei muito e me sentia exausta. Na prática, minha folga começou para valer no sábado de 23 de fevereiro, pois queríamos ir logo à Urubici. Eu sabia que ia dormir nesse dia e avisei os meus amigos. Quando trabalho bastante durante a semana, preciso descansar quase o dia todo no sábado ou no domingo para recarregar as minhas baterias. Então, foi exatamente o que aconteceu. Dormi quase a viagem inteira! Chegamos à casa de um de meus amigos em Urubici e continuei dormindo em uma rede. Ah, que delícia de clima! Dia ensolarado com aquele frescor que não deixa a gente sofrer com o calor. Sim, sou dorminhoca e adoro dormir! A minha bicicleta veio mais tarde na camionete de um casal de amigos.

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Descansando na rede. Foto: Luciana Vieira

No domingo, fui pedalar com a Clarice e o Altair até o Morro do Campestre. Antes de penetrar nesse lugar que está dentro de uma propriedade particular, cada um pagou R$ 5,00 de taxa. O local é bem cuidado e mudou bastante da última vez que estive lá. Antes era uma estradinha de terra para chegar ao cume do morro e hoje é de concreto. Inicialmente, não gostei dessa mudança por causa da minha preferência por chão bruto. Porém, eu e a Clarice percebemos que a estrada de concreto dá oportunidade às pessoas com alguma dificuldade física de ir ao topo do morro com veículo motorizado. Não posso ser egoísta, pois todos merecem estar lá nesse lugar sensacional. O Altair subiu pedalando. Eu e a Clarice fomos caminhando. Nunca subi de bike. Por ser muito difícil e como o trajeto é curto, prefiro andar e olhar mais a natureza ao meu redor. A Clarice e o Altair exploraram as rochas, enquanto eu optei por ficar parada observando e fotografando os dois e a região. Voltamos ao local onde se encontravam os demais amigos e participamos de um delicioso churrasco. Mais tarde, Clarice e Altair retornaram para Floripa. Após rápida chuva, surgiu um belo arco-íris brilhando ainda mais o nosso maravilhoso domingo.

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A caminho do Morro do Campestre. Foto: Luciana Vieira
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Morro do Campestre. Foto: Luciana Vieira
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O belo arco-íris, a minha aliança com Deus. Foto: Luciana Vieira

Na segunda-feira, 25 de fevereiro, dia que completou dois anos de minha queda de bicicleta (relato aqui), pedalei sozinha até a Gruta Nossa Senhora de Lourdes. Um refúgio onde gosto de ficar em silêncio e agradecer a Deus. Na terça-feira, eu me aventurei em ir até o fim do Caminho do Invernador e do Caminho do Rio dos Bugres. São estradas de terra e conhecia parte do trajeto das outras vezes que pedalei por lá. Graças ao grupo de pedal do qual participo e acompanho no whatsapp, soube de uma ciclista que foi mordida por um cão em Floripa. Como eu ia sozinha, li as recomendações de como encarar com o avanço dos cachorros por nos verem como inimigos. Então, eu me preparei mentalmente, pois tinha certeza de que isso ia acontecer por causa das características da região. Há muitas moradias e, certamente, com cachorros pelos arredores. A solução é pedalar mais rápido do que eles. Caso não for possível, o jeito é desacelerar e não olhar para eles. Não costumam atacar, apenas ficam latindo em sua volta. Caso acontecer, uma das alternativas é descer da bicicleta e usá-la como escudo. Compartilho dois textos interessantes sobre ataque canino que encontrei na internet:

Mobikers: http://www.mobikers.com.br/dicas/o-que-fazer-quando-um-cachorro-corre-atras-da-sua-bicicleta/

Wike How – Como fazer de tudo: https://pt.wikihow.com/Lidar-com-o-Ataque-de-um-Cachorro

Comecei pelo Caminho do Invernador a partir da rodovia SC 370 (Urubici a Grão Pará) e o percurso termina na SC 110 (Urubici a São Joaquim). Fiz o retorno pelo mesmo trajeto e entrei por algumas estradas laterais que terminam em propriedades particulares. Uma delas era uma enorme plantação de maçãs! Segui ao Caminho do Rio dos Bugres e fui até acabar a estrada. Ela se estreitou, quase virando uma trilha. Como estava sozinha, julguei prudente perguntar a um casal de carro se valia a pena continuar o passeio. Não, também vai terminar em propriedade particular. Então, era a hora de voltar para casa.

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Caminho do Invernador. Foto: Luciana Vieira
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Plantação de maçãs em uma das estradas laterais. Foto: Luciana Vieira

Durante o trajeto, cruzei com muitos cachorros. A maioria foi dócil comigo. Alguns correram em minha direção latindo e não consegui pedalar mais rápido. Na verdade, nem tentei. Deixei eles me alcançarem e ficaram apenas latindo em minha volta. Sem olhar para eles, segui pedalando com cuidado de não atropelá-los. Mostrei que não estava nem aí. Claro que me deu um frio na barriga! No retorno pelo mesmo trajeto, sabia o ponto exato onde estavam os cachorros menos receptivos. Então, já vinha em alta velocidade quando passava pelo território deles. O que me ajudou no retorno foi por ter mais descida. Deu para “voar” com a bike e os cães não conseguiram me alcançar. Tomei o máximo de cuidado de não acontecer um acidente.

No Caminho do Invernador, nenhum cachorro foi antipático comigo e percebi que há muitas pousadas nesse trecho. Já no Caminho do Rio dos Bugres existem mais moradias, principalmente sítios, onde cruzei com cães menos dóceis. Durante quase todo o passeio, fui acompanhada pela dança das borboletas. Uma lagarta dentro de um casulo é como eu me sinto estar em lugares de quatro paredes ou impedida de manifestar as minhas emoções, opiniões e gostos. Então, quando pego uma bike, eu me transformo em uma borboleta. Até hoje Urubici é a região onde mais vejo borboletas. Parecem que elas falam assim: “Você é uma de nós! Voe, voe!” Parecem também que elas sabem que adoro vê-las… O passeio resultou em 39,57 km de distância com 505 metros de ganho de elevação, sendo a máxima de 1.009 metros.

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Foto que tirei em fevereiro de 2015 durante um pedal em Urubici. Foto: Luciana Vieria

Urubici

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Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com

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