Urubici 5 – O abraço das flores

Quando caí de bicicleta em fevereiro de 2017 em Urubici (relato aqui), não deixei de visitar a cidade. No entanto, somente voltei a pedalar por lá no final de 2018. Não fiz antes por falta de espaço para bike no carro que vou de carona. Quando a oportunidade apareceu, optei em não levá-la por causa da previsão do tempo em Urubici: chuva nos dias primeiro e dois de dezembro.

Antes de viajar, pesquisei na internet se havia um lugar que alugasse bicicletas e encontrei a Serra Sul Ecoturismo. Com os pés em Urubici, observei que o tempo estava excelente para pedalar. Então, não perdi tempo e já fui alugar uma Scott, modelo Aspen, aro 26 e freio v-brake.

Na tarde de sábado, pedalei até a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, um dos meus lugares prediletos em Urubici. Durante o trajeto, fiquei muito emocionada e, ao mesmo tempo, atenta a tudo que via pela frente e pelos lados. Muitas flores pelo caminho me deixaram encantada. Eu me sentia sendo recepcionada com flores e a cidade me falando assim: “Que bom que você voltou a pedalar aqui!”. Evidente que parei a fim de apreciá-las de perto e fotografá-las. Vi até uma coruja-buraqueira! Ela estava em um tubo de concreto e braba comigo ao descobri-la. Acho que tinha um ninho por perto ou atrapalhei o seu ataque para pegar um roedor ou um inseto.

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Dálias de cor vermelha vibrante! Foto: Luciana Vieira
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Rosas encantadoras! Foto: Luciana Vieira

Ao chegar à gruta, eu me senti abraçada pela natureza em minha volta. É um lugar que me convida a ficar quieta, contemplar o que está ao meu redor, agradecer a Deus pela minha vida, a de meus familiares e amigos, ouvir os sons da natureza. A minha música preferida é o jorrar constante da cascata da região. Até gravei no celular essa “cantoria” da água com a intenção de ver e ouvir quando eu quiser.

Ao pedalar em direção onde meus amigos estavam, passei pelo local exato onde caí em 2017 e lágrimas rolaram de meu rosto. Pouco mais adiante, um cachorro me viu de longe e começou a correr em minha direção. Eu me mandei bem rápido e não deixei ele me alcançar. Parecia que ele me dizia: “Vá para casa! Está anoitecendo para uma mocinha ficar na rua!”. Acho que essa era a tradução do “au-au-au”! Terminei o passeio com 22,4 km percorridos e 224 metros de ganho de elevação.

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A caminho da Gruta Nossa Senhora de Lourdes. Foto: Luciana Vieira
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Porteira da gruta. Foto: Luciana Vieira
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Na gruta. Paz, gratidão e felicidade. Foto: Luciana Vieira

No domingo de manhã, pedalei pelo mesmo caminho, mas indo até o final do asfalto da SC 370, em direção à Serra do Corvo Branco. Não objetivei subir a serra por falta de preparo físico e de tempo, pois à tarde já iríamos retornar à Floripa. Em certo trecho, vi galinhas atravessando a via. Parei longe delas para não assustá-las e assistir a cena incomum na minha vida. Também avistei um lindo lagarto que estava no acostamento e se enviou no mato com a minha aproximação.

Durante a pedalada, percebi muitas construções novas em Urubici. Há mais pousadas e casas pelo caminho. Espero que a cidade nunca deixe de ter a característica interiorana e as suas belezas naturais continuem intactas. Que os moradores, os governantes e os visitantes cuidem bem de cada pedaço do lugar. Fiz o passeio em 43 km de distância com 411 metros de ganho de elevação.

Fiquei muito feliz por matar a saudade de andar de bicicleta em Urubici. Foi um fim de semana tão bom e intenso! Estava com muita vontade de ir de bike sozinha em Urubici. Precisava fazer isso. Mais um sonho realizado! Um passeio de bicicleta que me permitiu refletir bastante sobre a vida. De agradecer a Deus. De relembrar o meu último pedal em Urubici com amigos queridos. De me sentir mais forte e independente ao pedalar sozinha. De sonhar em pedalar mais e mais em Urubici. E de querer voltar logo para fazer a minha sexta pedalada!

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Até o fim do asfalto da SC 370. Sonho de pedalar sozinha em Urubici realizado! Foto: Luciana Vieira

Urubici

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Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com

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