Nova Trento 3 – O espetacular Morro da Cruz
Terceira vez pedalando em Nova Trento. Já contei como foi das outras vezes neste post. Participei da sexta edição do PedalaTrento em percurso diferente no dia 22 de outubro de 2017.
Às 6 da manhã de domingo, preparamos as nossas bikes no reboque da van que nos levou até Nova Trento. Dormi a maior parte da viagem. Por causa de um sugador, não tive uma boa noite de sono em casa. Tentei matá-lo, mas durante a noite houve duas quedas de energia em meu bairro. Maldito pernilongo! Chegamos ao local do evento e logo fomos tomar café da manhã oferecido pelos organizadores. Às 9 da manhã, começou o passeio. O clima estava perfeito para mim, do jeito que eu gosto: nublado com sol aparecendo entre as nuvens e temperatura amena.

A maior parte do trajeto foi em estrada de terra. Algumas bem estreitas, outras largas. Ainda com trauma da queda de bicicleta em descida (veja neste post), senti medo em estradas estreitas com pedras cheias de lama (choveu no dia anterior). Numa delas precisei parar no meio da descida a fim de controlar as minhas emoções. Até hoje não consigo descer de maneira rápida como fazia antes. Eu era mais destemida. No entanto, isso não me impediu de curtir o passeio. Tenho usado muito o meu corpo como freio, me posicionando por trás do selim em descida.
O caminho por onde percorremos mostrou paisagens belíssimas. Plantações, árvores, rochas, montanhas, córregos, flores, edificações antigas e borboletas chamaram a minha atenção durante o passeio. Após uma das pausas para alimentação, hidratação e reagrupamento, eu me senti mal. “Ai, Luciana!” Olhava para os lados desesperadamente. Queria um matinho seguro para fazer o número dois. “Não acredito! Número dois, seu chato!” “Ah, uma casa com um homem na frente!” “Ai, que vergonha!” Parei a bicicleta pedindo ao homem para utilizar o banheiro de sua casa. Ele disse: “Sim, pode usar. Não repare na casa que é de pobre.” Entrei na casa, cumprimentei a mulher que estava na cozinha e pedi desculpa por usar o banheiro… “Ah, que alívio!” Usei o repelente com essência doce para eliminar o cheiro do número dois. Um guia me aguardou e me acompanhou até alcançar os últimos ciclistas. Costumo pedalar no fim do grupo e, então, nesse momento fiquei bem longe dos participantes do evento. “Vamos lá, Luciana!” Ufa, eu me senti bem e não precisei abortar o pedal. Graças a Deus!

Pedalando eu vou! “Ohhhh…” Passei por uma ponte bem estreita de madeira. Uma das surpresas legais da pedalada. Havíamos percorrido uns 30 km quando chegamos no início da rua do Morro da Cruz de Nova Trento. Subir era opcional e o percurso possui 5 km. No início do morro se localiza o Sítio Vita Sul Monte, onde aconteceu o almoço e a confraternização com todos os ciclistas do passeio. Parei no início do morro junto com o amigo Luis Artur a fim de me preparar psicologicamente e hidratar. “Lá vamos nós!” “Opa, que interessante!” Um museu e um mercado de pulgas à direita da rua. Também há uma trilha. Bati fotos do lugar para me lembrar de conhecê-lo numa outra ocasião. Grande parte da rua do Morro da Cruz não tinha nenhum tipo de edificação. A estrada é asfaltada e rodeada de muito verde da natureza. Muito mais lindo que o Morro da Cruz de Florianópolis. Mais difícil e mais longo. O Morro da Cruz de Floripa tem 2 km e elevação máxima de aproximadamente 268 metros. O de Nova Trento é de 5 km e o meu Strava registrou 517 de elevação máxima. A cada curva, há uma cruz em tom vermelho quase da cor marrom. Cada cruz tinha o nome de uma pessoa ou família. Também existem muitas frases inspiradoras pelo caminho nos convidando à reflexão. Uma delas dizia que era para contar aos outros o que viu e sentiu no Morro da Cruz. Então, faço isso aqui no meu blog. Fiquei maravilhada por uma borboleta enorme de cor roxa com contornos pretos que aparecia na minha frente em alguns momentos da subida. Não foi fácil. Fiz várias pausas para retomar o fôlego e fotografar a região. Apesar de estar com repelente no corpo, um borrachudo danado fez a festa nas minhas pernas. Consegui matá-lo atrás de minha coxa direita durante a pedalada. “Epa!” Minha barriga começou a roncar. “Ai, que fome!” O meu erro foi não ter me alimentado no início da subida do morro. Não havia mais barra de cereal em minha mochila. O Luis Artur já não estava mais próximo de mim, pois tinha dito a ele que não era para me esperar. Eu tinha certeza de que era a última a subir, pois ninguém me ultrapassou. Não desisto fácil. Controlei a fome com água. Mas ela ia chegar ao fim. Então, fiquei de olho em fonte de água e alimento pelo caminho. “Ah, que coisa linda!” Água jorrando do buraco de uma enorme pedra. Bebi um monte para enganar a fome. Depois tomei uns goles de modo lento. “Agora estou pronta para continuar.” “Obrigada, Senhor, sempre me socorrendo!”




Enquanto eu subia, alguns ciclistas desciam. Alguns eram do meu grupo de amigos. Eu me perguntava se veria mais alguns subindo na minha frente. Depois soube que nem todos foram e houve desencontro do meu grupo de amigos. Enquanto uns estavam num lado do topo do morro, eu me encontrava no outro lado. Eu me emocionei ao chegar no topo e conheci o lugar sem pressa. Avistei o Luis Artur e ciclistas que não conheço começando a descer o morro. Ainda assim, permaneci mais um tempo apreciando a região onde está o Santuário de Nossa Senhora do Bom Socorro. O mirante fica em cima do templo da Igreja Católica. No entanto, consegui ver mais a cidade de Nova Trento em um trecho mais abaixo do morro. Quando desci, fiz questão de parar de novo nessa parte para fotografar. O medo me atacou de novo na descida. Precisei controlá-lo o tempo todo. “Já? Uau, já estou diante da entrada do Sítio Vita Sul Monte!” Assim que penetrei no local do almoço, um dos guias ia começar a me procurar. O meu Strava registrou 38,9 km de pedalada com altimetria total de 1.125 metros. A querida Izabela guardou o almoço para mim. Com mãos trêmulas, me alimentei com calma e feliz da vida. Eu amei o Morro da Cruz de Nova Trento! Espero ir de novo! Todos nós retornamos às nossas casas com um sorriso estampado no rosto. Um deles, mais feliz ainda, ganhou uma bicicleta no sorteio. Sortudo!



Luciana Vieira Visualizar tudo →
Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com
Que legal Luciana amiga. Curti teu passeio só em ler deu muita vontade de ir também fazer o mesmo passeio. Achei legal teu comentário de como estava se posicionando na bike, em deslocar o peso mais pra trás do selin isso ajuda muito nas descidas em ter mais segurança, pois você muda o centro de gravidade.
Não fique só na vontade, Leandro. Bora girar por aí de bike!