Entre a praia e o campo

Até certo tempo, eu só queria saber de praia. Não sou de ficar parada na areia para pegar um bronze. Eu gosto mesmo é de nadar, mergulhar, boiar e plantar bananeira na água. De caminhar pra lá e pra cá, e ainda catar conchinhas. Cheguei até a ter uma coleção de conchinhas. Eu curtia mais o mar do que o campo. Hoje os dois moram no meu coração. No entanto, se me perguntarem qual deles é o preferido, escolho a área rural. Já fui de gostar de muito agito. Hoje não. Sossego é a minha “praia” no momento. Quero contemplar as maravilhas de Deus sem barulho. Apenas ouvir os sons dos animais, da água, da cachoeira, do vento, da chuva… Pedalar faz com que eu me sinta tranquila, em paz. Também me deixa fortalecida para o porvir. Tive duas oportunidades excelentes de estar próxima do mar e do campo ao mesmo tempo: o Pedal do Barquinho e o Pedalli Costa Verde & Mar.

Pedal do Barquinho

Convidei duas amigas a irem comigo participar do Pedal do Barquinho em sua sexta edição, evento organizado pela equipe da loja Ciclo Vil Bike e do Pedal Continente. Aliás, quero abrir um parêntesis aqui. Essa equipe é muito boa em organizar passeios de pedais e os guias são altamente sintonizados e sincronizados em conduzir a gente pelos diversos caminhos. Conheci a Amanda durante o cicloturismo realizado pela empresa Caminhos do Sertão na parte baixa do Vale Europeu em outubro de 2015. A outra amiga, Pilar, começou a pedalar com mais frequência em novembro de 2015 e por notar sua boa performance convidei-a para participar do evento. Foi sua estreia em pedais mais longos. Ela teve um bom desempenho.

Foi tão bom ter a companhia das duas no Pedal do Barquinho no dia 6 de dezembro de 2015, em trajeto de aproximadamente 80 km, em estradas de terra e de asfalto. O dia amanheceu nublado e, em alguns momentos, caiu uma chuva fina. O pedal iniciou na loja Ciclo Vil Bike em São José e fomos até a Caieira Barra do Sul, na ilha de Florianópolis. Gostei muito de pedalar na região do aeroporto, pois é muita linda e cheia de verde. Amei o lugar! Porém, essa área necessita de autorização para entrar e por isso ela não é tão conhecida pelo público. A partir da Caieira, nós cruzamos o mar de barco até a Enseada de Brito, em Palhoça. Fazia tanto tempo que não ia de barco. Tão bom estar em alto mar. Que sensação maravilhosa! E de paz! Pisando em terra firme, voltamos a pedalar até o local onde foi servido um delicioso café colonial. Após o café, prosseguimos até o nosso destino final, na loja Ciclo Vil Bike. Comemoramos muito o nosso feito! Houve muita festa da galera que participou do pedal! Muita alegria e emoção! Dia sensacional!

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No bairro Coqueiros, na parte continental de Florianópolis. Foto: Fabrício Leite
6º Pedal do Barquinho - CicloVil 06/12/2015 By LEITE BIKE FOTOS
Quantos ciclistas no Ribeirão da Ilha! Na parte sul da Ilha. Foto: Fabrício Leite
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Indo de barco até Enseada de Brito, em Palhoça. Foto: Luciana Vieira
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Felizes por pedalarmos juntas!

Pedalli Costa Verde & Mar

Além do cicloturismo no Vale Europeu, Santa Catarina possui também o circuito denominado Costa Verde & Mar, que abrange os municípios de Luís Alves, Balneário Piçarras, Penha, Navegantes, Itajaí, Balneário Camboriú, Camboriú, Itapema, Bombinhas, Porto Belo e Ilhota. O circuito pode ser realizado a partir de qualquer uma dessas dez cidades e o cicloturista tem a liberdade de fazer o seu próprio roteiro.

Fiquei sabendo pelos meus amigos de um pedal organizado pelo Pedalli da Mari que passa pelos municípios de Itajaí, Balneário Camboriú e Camboriú, a ser realizado no domingo de 25 de setembro de 2016. Topei na hora! Por serem cidades litorâneas, pensei que seria pedal somente em trechos planos. Como eu me enganei! Havia muitos morros pelo caminho, principalmente no interior de Camboriú. Como gosto de ser surpreendida! Eu tinha recebido o roteiro indicando os caminhos a serem percorridos e os graus de dificuldade, incluindo a existência de subidas altas. Eu mal olhei e acho que desejava ser surpreendida mesmo. Na maioria das vezes, costumo ter uma noção do que vou encarar durante o pedal. Nesse caso, foi diferente.

Antes do dia do passeio, soube que cerca de 650 ciclistas se inscreveram! Muita gente! Será que vai dar certo? Como a organização vai dar conta de tantos participantes? Sim, fiquei preocupada. E foi à toa, pois tudo se saiu muito bem! Nota 10 aos organizadores do evento! Como eu estava de férias do trabalho, o meu amigo Marcos topou em ir a Itajaí um dia antes do pedal para fazer turismo na cidade. Assim, aproveitamos entregar o termo de responsabilidade e retirar o kit de participação na loja Pedalli Bike Store, que fica em frente ao Mercado Público do município. Foi muito bom conhecer a equipe e a loja! Pessoal atento e animado para o evento!

Depois da loja, eu e o Marcos caminhamos pela cidade. Como está linda! Fazia muitos anos que não ia a Itajaí. Fiquei muito feliz em vê-la tão bela! Amei ver a existência de ciclovia na beira-mar! Almoçamos no Porto da Sereia apreciando a orla, saboreando as delícias do restaurante e papeando bastante. Após o almoço, fomos até o Ibis Hotel, local de nosso pernoite, e retiramos as nossas bikes do carro. Sim, pedalamos pelos arredores de Itajaí, em percurso de 12,6 km e sem altimetria. Repetimos os mesmos lugares por onde caminhamos antes. Um dos lugares visitados foi a Igreja Matriz de Santíssimo Sacramento, considerada um dos principais cartões postais da cidade e tombada como patrimônio histórico. A edificação é belíssima de estilo gótico e romântico, e no seu interior há pinturas nas paredes, no teto, e também inúmeros vitrais retratando passagens bíblicas. Lugar encantador e um convite para reflexão. Em certo momento de nossa pedalada, avistei um casal conhecido na frente do Centreventos. Conheci os dois quando éramos adolescentes em Joinville. Incrível nos reencontrarmos em Itajaí depois de muitos anos! Eles moram em Joinville e eu em Florianópolis. Ô mundo pequeno! Eles estavam em Itajaí participando de uma corrida noturna. Começou a chover e eu e o Marcos resolvemos voltar ao hotel. Jantamos e descansamos para o dia de amanhã.

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Concordo! No restaurante Porto da Sereia. Foto: Marcos de Oliveira
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Na frente da Igreja Matriz de Santíssimo Sacramento, em Itajaí. Foto: Marcos de Oliveira
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Pedalando pela beira-mar de Itajaí. Foto: Marcos de Oliveira

De manhã bem cedo, sem chuva, pedalamos até o ponto de concentração do evento. Logo chegaram os nossos quatro amigos de Florianópolis que viajaram de madrugada para Itajaí. Durante o passeio, encontramos amigos ciclistas de Balneário Camboriú. O dia estava esplêndido, sem raios solares fortes e com temperatura amena. Foi lindo de ver tanta gente pedalando! Emocionante! Quando há muitas pessoas, deve haver muito cuidado em não se esbarrar em outro ciclista. Na região de Camboriú, tinha uma subida longa e alta em estrada de terra. Luluzinha foi subindo, subindo, subindo… No entanto, muitos participantes estavam parando em minha frente e me deixou atrapalhada. Parei e logo apareceram as minhas amigas Pilar e Priscila. Elas também pararam e resolvemos esperar todos os ciclistas passarem da gente. A espera valeu muito a pena. Éramos as últimas e continuamos a subida na frente da caminhonete de som. Ah, como é bom pedalar ouvindo música! Ela me deu um empurrão na subida! Isso foi um prêmio por querer ficar por última!

Almoçamos na Cascata do Encanto, um lugar espetacular cheio de verde e água. Muita música e muitas delícias! Houve vários sorteios de brindes e eu ganhei uma linda blusa. O retorno foi pelos mesmos caminhos com uma tarde linda de sol. O meu Strava indicou trajeto realizado de 86,1 km e 1.603 metros de altimetria. Viva o pedal entre o mar e o campo!

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Pose de ciclistas! Foto: Divulgação
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Mar de ciclistas! Foto: Divulgação
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Visual espetacular! Foto: Divulgação

Outros lugares

Luciana Vieira Visualizar tudo →

Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com

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