Urubici, Urubici, Urubici!

Era meu sonho de terminar o último dia do ano pedalando e começar o ano novo também com a minha bike. Em uma conversa com amigos ciclistas, comentei que não queria mais ficar em Florianópolis vendo os fogos de artifício na beira mar na virada do ano. Desejava muito estar pedalando em outro lugar, longe do agito do litoral. Para minha alegria, eles queriam a mesma coisa! Assim, começamos a planejar o pedal de nossos últimos dias de 2016 e dos nossos primeiros dias de 2017.

Por causa do meu relato das duas vezes que estive pedalando por lá, Urubici foi o destino escolhido. Fiquei muito feliz! Era meu desejo de voltar pra lá e desta vez ganharia a companhia de meus amigos ciclistas queridos. Além de inúmeros atrativos naturais, a cidade tem clima mais ameno e agradável.

No primeiro dia de novembro, eu e o amigo Marcos de Oliveira fomos à Urubici a fim de ver os locais de hospedagem. No dia seguinte, por ser feriado em 2 de novembro, pedalamos até a região do Sambaqui, em Florianópolis. No retorno, almoçamos no restaurante Coisas de Maria João, em Santo Antonio de Lisboa. Assim, eu e o Marcos apresentamos as hospedagens visitadas em Urubici aos amigos. Depois de discutir as vantagens e as desvantagens, escolhemos a Pousada Cajuvá. Além do custo, o que determinou na escolha dessa pousada foi por ser próxima dos lugares por onde iríamos pedalar.

Novembro passou e dezembro chegou. Cada um de nós comemoramos o Natal junto de nossos familiares. Eu fui para Joinville rever a minha família. Dias antes, eu sentia a gripe se instalar em meu corpo. Então, fiquei doente durante o período do Natal, com gripe, dor de garganta e nos ouvidos. Vou dizer uma coisa: ficar doente em época quente é pior do que no inverno. Quando retornei à Florianópolis, eu me sentia melhor e, ao mesmo tempo, triste por não curtir melhor a minha família em Joinville. A amiga Pilar também adoeceu e teve febre alta. Ficamos preocupados e torcendo pela rápida recuperação dela. Deus atendeu as nossas orações e ela foi conosco.

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Cabana da Pousada Cajuvá. Foto: Luciana Vieira

Éramos sete ciclistas em Urubici. Marcos e Vania foram os primeiros a chegar à Pousada Cajuvá no dia 29 de dezembro de 2016. Eu, Pilar e Elisa chegamos no fim desse dia em Urubici. Jantamos no Bodegão da Serra no centro da cidade e, no dia seguinte, em 30 de dezembro, após o café da manhã na pousada, chegou o querido casal Mauro e Claudia Piconi. A turma estava completa! Como todos nós ficamos um tempo sem pedalar em função do Natal, o primeiro dia de pedal foi leve, de “acordar” o nosso corpo. O dia estava nublado e o sol dava a sua cara em alguns momentos. Pedalamos até o centro de Urubici e, em determinado trecho, começou a chover. Paramos no Posto Serra Azul, onde há uma lanchonete temática interessante. O tema predominante é a moto, mas a bicicleta também se destaca no seu espaço. Aproveitamos a pausa para lanchar, papear e aguardar a chuva cessar.

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Turma completa em Urubici! Foto: Luciana Vieira

A chuva deu trégua e voltamos a pedalar. Porém, a chuva veio de novo e resolvemos almoçar no Canhambora Café e Restaurante. Após o almoço, fomos até a Gruta Nossa Senhora de Lourdes. É um lugar de agradecer a Deus por tudo o que tem feito por nós e de pedir a Ele as necessidades de nossa vida. Não há como não se emocionar ali na gruta. De lá, voltamos à pousada.  O aplicativo Strava registrou 36,9 km de pedal, com altimetria total de 231 metros. Chovia de noite e resolvemos jantar no casarão principal da pousada. A fim de tornar a noite mais divertida, brincamos com o jogo da memória e o jogo do Uno.

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Jantar na pousada. Foto: Pilar Alejandra

O segundo dia de pedal, 31 de dezembro, amanheceu com o tempo bom. Eu fiz o roteiro de quatro dias e qual fazer era decidido pela turma. Afinal, nem todos iriam ficar quatro dias em Urubici. Morro da Igreja foi o destino escolhido do último dia de pedal de 2016! Após o café da manhã, eu e o Mauro fomos de carro até o centro da cidade a fim de pegar a autorização. Sim, entrar no Morro da Igreja precisa de autorização do Parque Nacional de São Joaquim. Veja aqui as orientações neste site: www.icmbio.gov.br/parnasaojoaquim/guia-do-visitante.html. Retornamos à pousada e nos preparamos para a empreitada do dia. Ui, que frio na barriga! Havia dito a eles que o morro tinha 29 km… Engano meu… Descobri o erro quando já estávamos subindo. Essa distância é do centro de Urubici até o Morro da Igreja. O trajeto a partir do morro até o seu cume tem aproximadamente 15 km. Dei um susto na galera.

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Iniciando a subida no Morro da Igreja. Foto: Luciana Vieira

Os três primeiros quilômetros foram considerados os mais difíceis da subida por nós. No km 3, paramos no mirante do lugar para relaxamento e alimentação. Subindo, subindo, subindo fomos nós. Em alguns trechos, a rua é plana. Então, subimos e conseguimos aliviar o nosso corpo nas partes planas. Opa, aí está a guarita! Ao lado direito, fica o caminho da Cascata Véu da Noiva. Entreguei as sete autorizações ao responsável pela guarita e continuamos a subir, sempre observando a natureza em nossa volta. Fizemos pausas para tomar água e lanchar. O dia estava esquentando, ai, ai. Oh! Chegamos no topo do morro! Olhe aí a Pedra Furada! Consegui subir pela primeira vez o Morro da Igreja, assim como os meus amigos! Que vitória! Que emoção! Sonho que contei no post Urubici, Urubici!. Ficamos bastante tempo por lá. Não estávamos com pressa, não tínhamos compromisso. Curtimos muito o espetáculo da natureza. A descida foi tranquila e com vento na cara que adoro. Ah!

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Pilar concluindo os três primeiros quilômetros do Morro da Igreja. Foto: Luciana Vieira
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Placa de aviso de que o acesso ao Morro da Igreja precisa de autorização. Foto: Luciana Vieira
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Pausa para relaxamento no mirante do Morro da Igreja, no Km 3. Foto: Luciana Vieira
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Vitória! Chegamos ao topo do Morro da Igreja! Foto: Luciana Vieira
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O espetáculo do Morro da Igreja com a Pedra Furada! Sem neblina e deu para ver tudo! Foto: Luciana Vieira
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Minha bike me leva a tantos lugares espetaculares como ver a Pedra Furada! Foto: Pilar Alejandra
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Emoção de estarmos juntos em mais uma conquista de nossas vidas. Foto: Marcos de Oliveira
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Contemplando o presente de Deus! Foto: Marcos de Oliveira
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Do outro lado da Pedra Furada, dá para ver a estrada por onde pedalamos. Senti um pouco de frio no alto do morro. Foto: Luciana Vieira

No Morro da Igreja, encontrei o Fernando e o Bruno, guias da empresa de cicloturismo Caminhos do Sertão. Graças aos aprendizados com a equipe da Caminhos do Sertão nas duas ocasiões que pedalei em Urubici, hoje posso pedalar por conta própria nessa região. Antes de retornar à pousada, paramos no Café e Cabanas Lenha no Fogo, onde satisfazemos a nossa fome com muitas delícias. O meu Strava indicou 48,5 km de trajeto, 1.180 metros de altimetria total e elevação máxima de 1.788 metros.

De volta à pousada, combinamos de nos encontrar no casarão principal às 21h30 a fim de passarmos juntos na virada do ano. Após o banho, eu, a Pilar e a Elisa aproveitamos o tempo livre para dormir. Acordamos quando já era 21h30 e nos aprontamos a ir ao casarão. Chovia lá fora e brincamos com o jogo da memória e Uno. Tivemos uma ceia deliciosa preparada pela Vania e equipe da pousada. Eu gostei muito do cuscuz feito pela Vania, que tem talento na culinária. Saborosa! Estavam conosco na pousada um grupo de ciclistas também de Florianópolis. Logo 2016 se despedia da gente… Feliz ano novo! Que 2017 seja um ano espetacular para todos!

Na manhã ensolarada do primeiro dia de 2017, Marcos e Vania voltaram para Florianópolis. Mauro e Claudia também. Porém, antes de partir, Mauro sofreu um acidente com o pé. Um banco de madeira pesado do casarão caiu no seu pé, levantando e entortando uma unha. Elisa mostrou seu talento com os cuidados médicos. Graças a Deus, Mauro e Claudia fizeram uma boa viagem de retorno para Florianópolis. Assim, eu, Pilar e Elisa resolvemos pedalar até a Serra do Corvo Branco. No trajeto, a bicicleta da Pilar apresentou um barulho. Examinamos e constatamos que as pastilhas de freio apresentavam desgaste. Mesmo com essa situação, continuamos o pedal.

Eram 11h30 quando saímos da pousada. Nesse dia ensolarado senti pela primeira vez o calor forte em Urubici. Não foi fácil subir o Corvo Branco nessa situação. Fizemos várias pausas na sombra para fugir do sol. Comparando com o Morro da Igreja, o nível de dificuldade de subida no Corvo Branco é semelhante. No entanto, consideramos mais difícil por causa do calor.

A Serra do Corvo Branco liga a cidade de Urubici com a de Grão Pará. Em grande parte do percurso, a estrada é de chão. Em determinado trecho, há pedras enormes. Percebi que não mudou quase nada quando estive lá pela primeira vez em dezembro de 2014. Até dezembro de 2016 estava previsto o término da pavimentação da Serra do Corvo Branco. Fiquei muito decepcionada. Queria descer toda a Serra do Corvo Branco até o município de Grão Pará. De qualquer modo, curti muito a região ao chegar ao topo da serra. Pela minha observação de como se encontra a situação da estrada, vai levar uns dez anos para ficar semelhante a da Serra do Rio Rastro, considerando a corrupção existente no país.

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Placa indicando a obra na Serra do Corvo Branco. Até hoje não foi concluída… Foto: Luciana Vieira

 

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Chegamos no topo da Serra do Corvo Branco! Não foi fácil por causa do calor. Foto: Luciana Vieira
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Pausa para curtir a vitória. Foto: Luciana Vieira
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Observando a descida da Serra do Corvo Branco em direção ao município de Grão Pará. Foto: Luciana Vieira
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Quanto tempo vai levar para a pavimentação ficar pronta na Serra do Corvo Branco? Foto: Luciana Vieira

No retorno, tivemos mais cuidado na descida em função das pedras. Entramos numa estrada à direita a fim de tomar banho de rio na região chamada Picada da Águia. No caminho, avistamos um casal conhecido acampando ao lado do Rio Canoas. Cumprimentamos os dois e conhecemos as instalações do acampamento. Com a ameaça de chuva, abortamos a ida até a Picada da Águia e resolvemos voltar à pousada. Antes, fomos no Lenha no Fogo para o café colonial saboroso. A chuva não veio e o sol ainda deu mais o seu brilho. O Strava apontou 48,4 km de percurso, com 547 metros de altimetria total e elevação máxima de 1.261 metros. Jantamos na pousada e a noite estava esplêndida! Cheia de estrelas!

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Retornando após a Serra do Corvo Branco. Dia quente! Foto: Luciana Vieira
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Com as meninas guerreiras na SC 370. Foto: Luciana Vieira
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Café colonial no Lenha no Fogo. Foto: Luciana Vieira
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Flores na entrada do Lenha no Fogo. Foto: Luciana Vieira

No último dia, 2 de janeiro, pedalamos somente no período da manhã, pois pretendíamos retornar ainda de dia à Florianópolis. Ganhamos a companhia do Ary, do outro grupo de ciclistas. Seus amigos já tinham ido embora e ele ia pedalar sozinho. Entramos no Caminho do Rio dos Bugres com o objetivo de terminar no Caminho do Invernador. Em determinado trecho, Ary subiu um morro a fim de conhecer de perto a Caverna do Rio dos Bugres. Como era um dia quente, não estávamos dispostas a encarar morro alto. Por ser forte e rápido no pedal, Ary iria nos alcançar mais adiante. Ele nos alcançou quando tomávamos banho no Rio Canoas.  Um menino simpático de bicicleta, chamado Juninho, se aproximou da gente. Perguntamos se faltava muito para chegar ao Caminho do Invernador. Para nosso espanto, já tínhamos passado faz tempo. Oh! Ele explicou o caminho a ser percorrido. “Passa da ponte de madeira, depois da ponte de material e na plantação de tomates vira á direita que é o Caminho do Invernador”. No trajeto, dois ciclistas passaram por nós. Encontramos o caminho exatamente como Juninho nos explicou! Que menino esperto e sabido! Em função da proximidade do horário do almoço, resolvemos não entrar no Caminho do Invernador. Voltamos pelo mesmo caminho da ida e paramos para mais um banho no Rio Canoas.

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Ganhamos a companhia do Ary para o pedal do último dia em Urubici. Foto: Luciana Vieira
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Pausa para banho no Rio Canoas. Foto: Luciana Vieira
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Pilar curtindo o banho num dia de muito calor. Foto: Luciana Vieira
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Rio Canoas no Caminho do Rio dos Bugres. Foto: Luciana Vieira

Retornamos à pousada, arrumamos as nossas coisas e colocamos as nossas bicicletas no carro. O Ary ofereceu de levar a minha bike no carro dele. Nesse dia tivemos dois anjos: o Juninho e o Ary! Antes da partida, comemos uma deliciosa macarronada na pousada… Luluzinha sempre fica assim. Triste pelos dias de pedal chegarem ao fim e, ao mesmo tempo, alegre pela oportunidade de pedalar outra vez em Urubici. Obrigada, Senhor!

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Almoço antes de voltar para Florianópolis. Foto: Pilar Alejandra

Subir o Morro da Igreja foi a minha principal conquista de pedal. Para minha surpresa, considerei a subida menos difícil do que a da Serra do Rio do Rastro. O que torna mais difícil na subida da Serra do Rio do Rastro são as curvas fechadas. Veja como foi a minha subida no post Serra do Rio do Rastro.

Ah… Urubici, Urubici, Urubici! Terceira vez pedalando na espetacular Urubici! A região ainda me surpreende com a sua beleza! Que haja a quarta, a quinta e inúmeras oportunidades de pedalar por lá, se assim desejar o Deus da minha vida.

Urubici

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Blog que compartilha a minha alegria em pedalar. Evidente que não há só alegria, porque sabemos muito bem que o nosso país não valoriza os ciclistas. Melhor dizer: não pensa em todas as pessoas como os pedestres, os cadeirantes e os idosos. Além das experiências de minha vida como ciclista, este espaço trata sobre outros temas, mesmo não tendo relação com a bike. Dou um alerta: o fato de gostar de pedalar não significa que sou especialista nessa temática. Aqui são histórias, opiniões, relatos, o que vier da minha mente e eu julgar interessante de contar. Na primeira postagem deste blog, convido a ler sobre o motivo de se chamar Aquela que pedala. Quem escreve? Sou a Luciana Vieira, tenho deficiência auditiva e moro em Florianópolis/SC. Atuo como assistente administrativa em empresa federal de energia elétrica e, desde 2013, procuro usar a bicicleta para me deslocar ao trabalho. Comunicação Social com habilitação em Jornalismo é a minha formação acadêmica e não exerço a profissão. Sempre gostei de escrever e já tive o prazer de dar uma de escritora em blogs de amigos como o Máquina de Letras. Mais segura em escrever e expor no meio virtual, decidi ter o meu próprio cantinho. E assim Aquela que pedala vem a ser a varanda de meus escritos. Sugestões, opiniões, críticas? Escreva para o e-mail aquelaquepedala@gmail.com

4 comentários Deixe um comentário

    • Muito obrigada! Gostei do seu relato em Urubici no seu blog, parabéns! Quanto à subida do Morro da Igreja, tivemos a mesma conclusão: os três primeiros quilômetros são os mais difíceis da subida. Um grande abraço e vamos pedalando por aí!

  1. Bom dia, estou indo com a família pra Urubici, e estou procurando alguém que tenha arquivos de GPS de trilhas de MTB por lá, adorei seu relato mas ví que as fotos são na maioria em asfalto, vcs andaram em trilhas também? Obrigado.

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